quarta-feira, 27 de abril de 2016

Projeto Bocage - Contexto Histórico


Arcadismo/ Bocage/ Pré- romantismo


No séc. XVIII as transformações que ocorriam no plano político social –o fortalecimento em ascensão da burguesia, o aparecimento dos filósofos iluministas, o combate contra reforma entre outras, exigiam dos artistas uma arte que atendesse as necessidades de expressão do ser humano naquele momento.
O Neoclassicismo também conhecido como Arcadismo foi a resposta artística que a burguesia pode dar a essa necessidade.
*O romantismo nasceu da arcádia
*Pertenceu a arcádia portuense Paulino Antônio Cabral (1719-1789)
*Sua poesia é uma espécie de rimado de uma experiência exaltada e atribulada especialmente do ponto de vista erótico mas também social e satírico.
O carioca Domingos Caldas Barbosa que adaptou o nome arcadismo Lereno (1738-1800) foi animador do grupo chamado Nova Arcádia com sede em Lisboa, criado em 1790 a que pertenciam Bocage e José Agostinho de Macedo.

Arcadismo em Portugal


Depois do apogeu alcançado pela nação portuguesa entre os séculos XV e XVI o país viveu um período de declínio político, econômico e cultural que se estendeu por todo o século XVIII. Com a chegada das ideias iluministas, Portugal se renovou e se modernizou. Na literatura teve grande expressão Manoel Maria de Bocage, um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos.

Academias literárias.


Foram criadas com o objetivo promover debates permanentes sobre artistas, avaliar a produção de seus afiliados e facilitar a publicação de suas obras.
Portugal contou com duas academias árcades Arcádias lusitanas que efetivamente deu início ao movimento e a Nova Arcádia que contou com o maior poeta português do século XVIII : Bocage.
 

Manuel Maria du Bocage (1765-1805)


Membro da Nova Arcádia, teve uma vida aventureira e inquieta que ele próprio comparou com a de Camões.
 
Camões grande Camões quão semelhante
Acho meu fado ao teu os cotejo
Igual causa nos fez, pertencer o Tejo
Arrostar co sacrilégio gigante.
Como tu junto ao Ganges sussurrantes
Da penúria cruel no horror me vejo,
Como tu, gostos vãos, que me vão desejo
Também carpindo estou, saudoso amante.
Ludibrio como u uma sorte dura,
Meu fim demandando ao Céu pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
Modelo meu tu és, mas ó tristeza
Se te imito nos transes de Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.

Bocage foi talvez autor dos melhores sonetos da língua portuguesa depois de seu modelo, mas Camões tinha uma mente mais profunda e vasta. Bocage estava demasiado aprisionado no seu próprio eu, muito preocupado com suas paixões.
Foi grande repentista e improvisador em assembleias que marcou sua poesia. E tornou efetivamente o autor mais popular e lembrado de Portugal até os dias atuais, por facilidade de versos e vulgaridade de situações que se apresentava.
Estas qualidades todavia não se aplica a um parte de suas obras, mais disciplinadas dentro dos moldes arcádicos.

Bocage e a transição.


A importância conferida a obra de Bocage advém principalmente de nela se encontrar a tradução do movimento transitório em que o escritor viveu um período marcado por mudanças profundas, como a revolução francesa (1789) e o florescimento do romantismo. Assim a obra de Bocage não é árcade nem romântica, é uma obra de transição que apresenta simultaneamente aspectos dos dois movimentos literários.
A fase inicial da poesia de Bocage é marcada por formas e temas próprios do arcadismo: ambiente bucólico, o fugere urbem, o ideal de vida simples e alegre (aurea mediocritas), a simplicidade da clareza das ideias e da linguagem etc.

A poesia erótica de Bocage


Portugal tem uma longa tradição de poesia satírica, que remonta as poesias trovadorescas.
Bocage além de se destacado como poeta lírico, também foi um ótimo poeta satírico e erótica.
Ao voluptuoso tacto palpitante/mais e mais se arrijaram de maneira/ que os lábios não podia comprimi-los/ Meus braços nus, meu colo, eu toda estava coberta de sinais de ardentes beijos/ Os leves trajos que ainda conserva, / em vão eu quis suster: rápido impulso/ guiava Alcino: de Hercules as forças/ ali vencerá... As minhas que fariam?
 

Postagem: Dêsyrre Curtarello